18/03/2016

ADMINISTRAÇÃO DO LOBITO DESRESPEITA COMPROMISSOS DE ISAAC DOS ANJOS


Ref.ª: OM/    035     /016
Lobito, 18 de Março de 2016.

NOTA PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO DO LOBITO DESRESPEITA COMPROMISSOS DE ISAAC DOS ANJOS

É com enorme preocupação que a Associação OMUNGA tem vindo a acompanhar procedimentos por parte da Administração Municipal do Lobito que contrariam compromissos assumidos pelo Governador Provincial de Benguela em relação a conflitos de terras na cidade do Lobito.

É assim que, a 14 e 15 do corrente mês, fiscais da Administração Municipal do Lobito, acompanhados por agentes da polícia, voltaram a destruir as barracas de cidadãos localizadas nos terrenos em litígio envolvendo estes cidadãos e a cidadã Nádia Furtado, localizados no Bº do Golfe, Zona Alta da cidade do Lobito. Ao mesmo tempo, envolveram-se em disputas com os moradores tentando impor a colocação de vedação dos referidos terrenos.

É importante recordar que uma área de 12 Ha foi, de forma ilegal, disponibilizada pelo então Governador Provincial de Benguela, General Armando da Cruz Neto, à cidadã em referência, filha da ex Procuradora-geral Ajunta e familiar do general Furtado.

Depois de enormes conflitos que resultou na detenção de moradores e na agressão de outros e na destruição de haveres, através de um processo de negociação que envolveu representantes desta comunidade, a OMUNGA e o Governador Provincial de Benguela, ficou reconhecido pelo Governador o Direito à Terra por parte destes cidadãos.

Assumiu ainda, o Governador Provincial de Benguela, que as referidas famílias seriam priorizadas no processo de distribuição de parcelas para habitação.

Infelizmente, até ao momento, estes cidadãos continuam à espera que sejam cumpridos tais compromissos assumidos pelo Governador Provincial.

Coma alguma estranheza, durante a sessão do Quintas de Debate de 3 de Março de 2016, em Benguela, o Governador Provincial garantiu que parte das famílias já teriam beneficiado de terrenos e que as demais deveriam aguardar. Disse ainda que tal processo está a ser acompanhado pela Associação OMUNGA.

Para além do facto de que tais declarações não correspondem completamente com a verdade, uma vez que as referidas famílias não beneficiaram realmente de quaisquer parcelas de terra, acompanhamos agora e novamente, ao uso abusivo da força por parte da Administração Municipal do Lobito, com as famílias a temerem por novas acções de agressão, destruição e detenções e inclusivamente de ameaças de rapto e de morte.
Por outro lado, por volta das 11 horas do transato 14 de Março de 2016, na Zona 8 da cidade do Lobito, Bº 27 de Março (Mbango Mbango), os cidadãos foram surpreendidos pela acção de fiscais e agentes da polícia (mais de 50 homens), liderados pelo chefe dos fiscais daquela administração, conhecido por Zezito e o seu adjunto, senhor Paulino.

Usando armas de fogo e uma máquina pá carregadora, agrediram os populares e demoliram 4 residências, declarando estarem a cumprir ordens do administrador municipal do Lobito e do governador provincial de Benguela.

Estes populares ocuparam esta área depois de, em 1981, o então Comissário Provincial de Benguela, Kundy Paiama, ter publicamente declarado que a "população do Lobito não deveria ficar a olhar os baros que trazem a alimentação para as forças armadas que estão na frente de combate mas deveriam subir as montanhas onde têm bons terrenos de cultivo para o sustento".

Mais tarde os mesmos cidadãos tentaram legalizar as parcelas de terra que ocupavam desde então. Enquanto aguardavam o processo, foi quando surgiu, em 2013, o senhor Brigadeiro Domingos Ministro, com elementos fardados "de boina vermelha" declarando ter adquirido o referido terreno a um "senhor David da Administração."

Para além do citado "Brigadeiro", os cidadãos denunciam o envolvimento do senhor Henriques (possível proprietário da empresa TGL)

Nas denúncias apresentadas, o "Brigadeiro Domingos Ministro ordenou a sua tropa para amarrar, torturar e levar à 4ª esquadra, os populares, onde ordenou para que fossem os mesmos, detidos." Ao mesmo tempo foram destruídas as suas habitações a mando do referido "Brigadeiro".

Os referidos cidadãos dirigiram a 18 de Novembro de 2013, uma exposição ao Governador Provincial de Benguela que mereceu despacho a 18 de Junho de 2014, que orientava o enquadramento destes populares no "âmbito do processo em curso de atribuição de 1.000 m2 a cada família":

Nesta conformidade, a Associação OMUNGA considera um abuso e um verdadeiro desrespeito o uso da força por parte da Administração do Lobito e o incumprimento das decisões do Governador Provincial de Benguela.

Apela por isso, para que se ponha fim imediato a este tipo de acções contra a população mais pobre desta cidade do Lobito.

José Patrocínio



Coordenador

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